De acordo com um novo relatório da OMS, toda a população mundial ingere microplásticos de uma forma indiscriminada. Algumas fontes afirmam que o relatório conclui que não é perigoso ingerir microplásticos, mas a conclusão não é assim tão simples.
A OMS estima que a maior parte dos microplásticos que ingerimos, passa diretamente pelo nosso sistema digestivo e sai com as fezes, sem ser absorvida pelo nosso corpo. No entanto, a organização também salienta que existe o risco de as partículas mais pequenas de microplásticos serem absorvidas pelos nossos órgãos.
A OMS adverte que os microplásticos podem transportar bactérias nocivas que, por sua vez, podem transmitir-se aos nossos órgãos e pôr-nos doentes. Além disso, o relatório conclui que os microplásticos absorvidos podem tornar as bactérias resistentes aos antibióticos.
Estudos preliminares indicam que a ingestão de microplásticos é inofensiva
O desafio de estabelecer quais são os riscos para a saúde é causado pelo facto de a OMS não saber que valores-limite de microplásticos ingeridos devem ser ultrapassados para que constituam um risco para a saúde. Assim, embora a organização afirme que pode ser perigoso ingerir microplásticos, isso não significa necessariamente que as quantidades ingeridas atualmente pelos seres humanos constituam um risco para a saúde.
Por outras palavras, o relatório não conclui que os microplásticos constituem um risco para a saúde, mas apenas que os microplásticos ocorrem na água potável em todo o mundo e que ainda não se sabe quais são as consequências disso. Contudo, os primeiros estudos realizados sobre este assunto indicam que a quantidade de microplásticos que absorvemos atualmente não representa um risco para a saúde.
Foi apenas no ano passado que foram encontrados pela primeira vez microplásticos em fezes humanas, pelo que obviamente ainda não há muita investigação feita nesta área. A OMS salienta que é necessária mais investigação na área antes de se poder estabelecer conclusões.
O que são microplásticos?
Os microplásticos são pequenos pedaços de plástico que têm menos de cinco milímetros de comprimento. A maioria dos microplásticos são minúsculos e nem sequer podem ser vistos a olho nu. São, mais frequentemente, transportados pelas correntes marítimas e podem, portanto, ser encontrados em qualquer parte do mundo.
Os microplásticos são provenientes de muitos lugares diferentes. Quando o plástico de alguma forma acaba no mar ou na natureza, a água e a luz solar decompõem-no lentamente em partes cada vez mais pequenas. No entanto, o plástico não desaparece ou dissolve, mas simplesmente divide-se em várias partes mais pequenas.
Os seres humanos podem tanto ingerir microplásticos através da água potável, como se afirma neste relatório, mas também através do consumo de alimentos para animais. Isto porque os microplásticos são confundidos com comida por alguns animais no mar, visto se assemelharem ao plâncton. Assim, quando apanhamos e comemos marisco, existe também o risco de consumirmos microplásticos desta forma.
Apesar de não saber se é perigoso, a OMS recomenda que todos os países dêem prioridade à remoção dos microplásticos e bactérias de toda a água potável. A recomendação final é que devemos deixar de poluir os sistemas de água com plástico à escala global. Isto requer muito trabalho. Atualmente, oito milhões de toneladas de plástico são descarregadas no oceano todos os anos, o que corresponde a 19 toneladas por minuto.